terça-feira, 15 de abril de 2014

Sobre o Beijo Gay e a “Família Brasileira”

Sabe aquela sensação quando um dos cílios se desprende e cai dentro do olho? Pois é. Hoje eu acordei assim. Incomodada.
Os olhos vão bem, obrigada! O incomodo não vem deles, mas da mente, do coração, da alma.

Acordei inquieta com todos os absurdos que já lemos e ouvimos sobre relações homoafetivas, casamento e beijo gay.

Pra começar acho um saco essas definições, esses termos que se acoplam aos nomes.
Não é simplesmente uma relação, mas uma relação homoafetiva.
Não é simplesmente um casamento, mas um casamento gay.
Não é simplesmente um beijo, mas um beijo gay.

Na época do nosso casamento (eu tenho que falar “gay”? Não, né?), escutamos as mais inusitadas declarações, desde a simples pergunta “vai ter beijo?” (essa foi campeã), até “deixa eu levar minha sogra que ela adora ver essas coisas diferentes”.

Não parece óbvio a você que um casamento deve ter um beijo? Não deveria soar no mínimo estranho fazer menção a um casamento como um circo de horrores ou um museu de anomalias?
E acredite.  Essas frases (e todas as demais de mesmo teor) saíram de nossos convidados, saíram daqueles que deveriam estar totalmente desprovidos de preconceito.
E alguém duvida que eles acreditem ser totalmente desprovidos?

É aqui que esse novo conceito de “Família Brasileira” tão honrada, reverenciada e digna entra. Com todos os seus conceitos arcaicos, com toda a sua hipocrisia, com todo seu falso moralismo nojento e desprezível.

A “Família Brasileira” se personifica e se multiplica no “MAS” que sempre seguem a frase “eu não sou preconceituoso”, se personifica no “ATÉ”, que dá início ao “tenho amigos gays” ou no texto inteiro do “o que eu vou dizer ao meu filho de 4 anos quando ele vir dois homens se beijando na TV”

Quer uma dica? Diga-lhe o mesmo quando ele viu um homem ou uma mulher se beijando pela primeira vez. Eduque, mas se possível poupe-o da herança das suas mazelas, da sua ignorância e sobretudo do seu preconceito.

Que espécie de sociedade é essa, na qual precisamos comemorar a “conquista” de um beijo entre duas pessoas que se amam? Que espécie de povo é esse que exibe bundas, peitos e sexo casual, mas ainda se assombra com um casal andando de mãos dadas?

Sou a favor da família, construída desde sua forma mais tradicional, até a mais inusitada.
Sou tão a favor que decidi formar uma ao lado da mulher que eu amo. Quero ser capaz de, ao lado dela, formar seres humanos de bem, capazes de amar e de usar o amor (o verdadeiro) como filtro para todos os questionamentos de suas vidas.

Filho, se tem amor verdadeiro é certo, se não tem é errado.
E ponto.



É isso. 

10 comentários:

  1. Uau! Lindo texto, disse tudo! Em um país com tanta diversidade e potencial como o nosso o preconceito ainda é passado de uma geração a outra como se fosse "tradição de família" e alimentado pela ignorância e pelos tabus... Que o futuro nos traga mais respeito e igualdade! E desejo tudo de bom pra família de vocês! <3 Aliás, descobri o blog hoje e estou curtindo tanto que fico me perguntando por que não tem mais comentários! Bora divulgar isso aqui! hahaha Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Excelente análise! E que, de fato, o futuro nos traga mais respeito e igualdade.
      Divulga sim! E continua acompanhando!
      Beijos

      Excluir
  2. Você simplismente, ARRASA !

    ResponderExcluir