domingo, 27 de abril de 2014

Já?

Hoje fui parabenizada por seis meses de casada.
Juro que a primeira reação foi olhar o calendário para ter certeza do parabéns. Afinal de contas, não é bacana receber parabéns injustamente. Deve ser pecado, inclusive.
Mas o parabéns foi legitimo e por isso já agradeci
O fato é que está passando rápido.
Lembro da ansiedade nos preparativos e da calmaria no dia.
Lembro dos votos sendo escritos, do vestido escolhido, da maquiagem, cabelo, convidados...
O que dizer desses seis meses de casada?
Sempre perguntam se muda alguma coisa, já que morávamos juntas.
A resposta parece ensaiada por nós duas. Muda sim! Muda tudo.
Muda porque casar foi uma escolha. 
Escolhemos, ainda que já vivendo como se casadas fossemos, reafirmar este desejo.
Durante esses seis meses eu percebo esta reafirmação todos os dias.
Todos os dias nos comprometemos com a nossa relação.
Aparando os detalhes tortos, curtindo as brigas bobas, fazendo as pazes, desejando a união eterna, jurando amor para a vida inteira.
Para mim, romântica-boba-apaixonada-sensível, o nosso casamento nos fez ainda mais unidas, planejando a vida na certeza da presença da outra. Hoje uma presença que pode não ser tão presente assim. Como se o casamento criasse um laço, uma corrente, um anel. Como se apenas agora eu me sentisse segura para ir para qualquer canto, porque sei que Magali estará comigo, mesmo não estando grudada em mim.
Hoje, ao sair para trabalhar, Magali me gritou na escada e disse: “Vida, parece que ainda somos namoradas, né?”
É. E seremos para sempre.

Um brinde aos seis meses!

terça-feira, 22 de abril de 2014

Para você, meu amor.

É o trecho de uma música.
Não é composição minha, mas poderia ser.
Especialmente para você.
Te amo.

Reza braba!

Raciocine comigo. 
Você está andando distraidamente quando, de repente, seus olhos avistam aquela pessoa especial. Ela se destaca no meio de todos, o seu coração palpita, a boca seca, os olhos brilham. O que aconteceu?


Você foi atingida pelo cupido!

Até aí tudo bem, isso é claro, se ele amarrasse na ponta da flecha uma caixa arquivo, com a análise psicológica da mãe da criatura e uma foto 3x4 (todo maluco se entrega nessa foto).

Pow, Cupido?! Custava vir com um dossiê completo? Custava? Vai me fazer ficar com os pneus arriados, beleza! Mas me deixa armada, pelo menos, caramba!


Eu falo isso de maneira genérica. Falo das sogras como um todo, não da minha especificamente. Óbvioooooooooooooooooooooooo!  (não posso esquecer que minha mulher também lê esse blog).

Ah! A minha sogra é um anjo. Inclusive eu devo a ela meu casamento.

Explico.

Isso ocorreu há mais ou menos seis anos, quando eu ainda chamava Bárbara de amiga e ainda vivia em Nárnia (mundo distante onde nossas mães acreditam que os suspiros que você dá diante da TV são para Gianecchini, não para Giovanna Antonelli).

Estávamos em junho, mês de celebração, aqui no Nordeste do Brasil, de alguns santos católicos, entre eles o conhecido Santo Casamenteiro (as amigas encalhadas reconhecerão).
A véia minha amada sogra (naquela época, apenas “tia”), muito religiosa, entrou no quarto munida de um pires, grudado a ele uma vela de 7 dias acesa e, a tiracolo, um livrinho. Enquanto minha mente pensava em milhares de possibilidade para aqueles apetrechos, desde um atentado terrorista até o um despacho na encruzilhada, ela tratou de tranquilizar o meu coração. Era a trezena de Santo Antonio!


Definitivamente, participar da Trezena, foi exatamente o que passou pela minha cabeça quando, mais cedo, recebi a ligação de Bárbara me convidando para passar a noite na casa dela.


Já estava pronta para dizer que não, quando ela disse a seguinte frase:
“Rezem comigo! Eu vou pedir ao santo para vocês acharem alguém pra casar.”

Te juro! Daria meu dedo mindinho pra ver a risadinha no canto da boca do Santo Antonio quando ele decidiu atender ao pedido dela.




É isso.

domingo, 20 de abril de 2014

Inovar é preciso!!

Sempre ouvi dizer que os relacionamentos não podem cair na rotina.
Basta reunir alguns casais que esse assunto vira pauta!
Eu, neurótica que sou, sempre fiquei atenta aos sinais da tal rotina.

 

Em uma bela noite, céu estrelada e disposição a mil, resolvi jogar a rotina fora e inovar!!



Mas o que fazer?
Qual a melhor forma de inovar?

Comida?

Surpresa?

Viagem?

Como nao conseguiríamos fazer uma viagem em função da agenda de trabalho, e a minha ansiedade nao suportaria esperar, resolvi fazer um jantar!



Eu nao sei cozinhar.

Mas vamos lá!

Resolvi fazer uma massa e um molho branco.

Molho o quê? Branco? Como assim?
Lá fui eu para a internet, telefone com as amigas e por ai vai!



Cinquenta e duas horas depois...

Estava pronto!

Quando Mozi chegou a luz já estava apagada, velas criavam um clima diferente.

E então...

Ela acendeu a luz!


- Oi??
Percebeu que era surpresa e apagou

Ufa!

- Vida, jantar surpresa?! Que lindo!

- Isso! Vamos sair da rotina!
O macarrão ainda nao estava na mesa.

- Vou tomar banho enquanto você finaliza!

Magali NUNCA tomou um banho tão rápido na vida dela.

E eu correndo para todos os lados da casa

Mas quando ela apareceu estava tudo pronto!

Aha!! Sou esperta!


Quando fomos abrir a garrafa de vinho...

Nao tinha saca rolha!!!!
Nao tinha saca rolha!!!
Nao tinha saca rolha!!!



- E agora?

Eu estava exausta e nao conseguia mais pensar...

- Nada, amor! Vou dar um jeito!

Ela apareceu com trinta facas e duzentos garfos


Trinta e cinco horas depois...

Pronto!! Garrafa aberta!!

- Vamos começar a noite romântica?
- Vamos!

O macarrão resolveu que nao sairia da panela. 

Oi?

Ham?



- Amor, o macarrão grudou!!!!



Eu, em estado de choque, nao conseguia pensar em nada.

- Amor, nao sei o que aconteceu.

- Que nada, Vida! O molho vai deixar uma delicia!

Luz de salvação!!!

O molho estava salgado. Muito. Demais. Demasiadamente.



- É, amor. Acho melhor um jantar fora.

Eu só fazia chorar

Chorava.

Chorava.

- Calma, amor. Isso acontece. Porque você foi arriscar? Você sabe que nao tem habilidades na cozinha.

Oi???

Quer morrer agora ou daqui a pouco???



- Nao! Nao foi isso que eu quis dizer! Acho você maravilhosa! Seu macarrão é o melhor do mundo!!!

Cara inchada, cozinha imunda, macarrão no lixo....

- Amor, vamos jantar fora, naquele restaurante que vamos sempre e nós adoramos!!!

Lá se foi minha noite especial por água abaixo.

- Amor, todas as noites são especiais ao seu lado.

Ohhhhhhhhh

- Então vamos comer cachorro quente!!! Perdi a vontade de jantar!

Viva a nossa rotinaaaaa!!!!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

terça-feira, 15 de abril de 2014

Sobre o Beijo Gay e a “Família Brasileira”

Sabe aquela sensação quando um dos cílios se desprende e cai dentro do olho? Pois é. Hoje eu acordei assim. Incomodada.
Os olhos vão bem, obrigada! O incomodo não vem deles, mas da mente, do coração, da alma.

Acordei inquieta com todos os absurdos que já lemos e ouvimos sobre relações homoafetivas, casamento e beijo gay.

Pra começar acho um saco essas definições, esses termos que se acoplam aos nomes.
Não é simplesmente uma relação, mas uma relação homoafetiva.
Não é simplesmente um casamento, mas um casamento gay.
Não é simplesmente um beijo, mas um beijo gay.

Na época do nosso casamento (eu tenho que falar “gay”? Não, né?), escutamos as mais inusitadas declarações, desde a simples pergunta “vai ter beijo?” (essa foi campeã), até “deixa eu levar minha sogra que ela adora ver essas coisas diferentes”.

Não parece óbvio a você que um casamento deve ter um beijo? Não deveria soar no mínimo estranho fazer menção a um casamento como um circo de horrores ou um museu de anomalias?
E acredite.  Essas frases (e todas as demais de mesmo teor) saíram de nossos convidados, saíram daqueles que deveriam estar totalmente desprovidos de preconceito.
E alguém duvida que eles acreditem ser totalmente desprovidos?

É aqui que esse novo conceito de “Família Brasileira” tão honrada, reverenciada e digna entra. Com todos os seus conceitos arcaicos, com toda a sua hipocrisia, com todo seu falso moralismo nojento e desprezível.

A “Família Brasileira” se personifica e se multiplica no “MAS” que sempre seguem a frase “eu não sou preconceituoso”, se personifica no “ATÉ”, que dá início ao “tenho amigos gays” ou no texto inteiro do “o que eu vou dizer ao meu filho de 4 anos quando ele vir dois homens se beijando na TV”

Quer uma dica? Diga-lhe o mesmo quando ele viu um homem ou uma mulher se beijando pela primeira vez. Eduque, mas se possível poupe-o da herança das suas mazelas, da sua ignorância e sobretudo do seu preconceito.

Que espécie de sociedade é essa, na qual precisamos comemorar a “conquista” de um beijo entre duas pessoas que se amam? Que espécie de povo é esse que exibe bundas, peitos e sexo casual, mas ainda se assombra com um casal andando de mãos dadas?

Sou a favor da família, construída desde sua forma mais tradicional, até a mais inusitada.
Sou tão a favor que decidi formar uma ao lado da mulher que eu amo. Quero ser capaz de, ao lado dela, formar seres humanos de bem, capazes de amar e de usar o amor (o verdadeiro) como filtro para todos os questionamentos de suas vidas.

Filho, se tem amor verdadeiro é certo, se não tem é errado.
E ponto.



É isso. 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Ciumenta? Eu?

A minha fama de ciumenta corre solta e já extrapolou as fronteiras da Bahia.
Bastam alguns minutos em um papo entre amigos, ou nem tão amigos assim, e já surgem mil histórias.
Não preciso dizer que isso é uma tremenda injustiça, né?
Então...
Eu não sou ciumenta, sou cuidadosa.
E o cuidado eu demonstro da forma que eu achar melhor.
Ho ho ho
Agora me digam: é ciúme olhar o celular do amor da sua vida que vai viver ao seu lado para sempre e não pode olhar para o lado? É? É?
Não.
Obrigada!
Falando sério agora, sou muito tranquila e segura, mas algumas regras são básicas.
1 - não olhe para o lado
2 - olhe apenas para mim
3 - nada de risadinhas com quem nao conheço
4 - com quem conheço também não pode muito
5 - nada de papos longos no zap zap
6 - falar muito comigo no zap zap

Olha que fácil!

Gente, claro que isso é apenas brincadeira.
Foi só para descontrair.
Ou não...



Ninguém é perfeito

Todos vão concordar, não está fácil encontrar o amor das nossas vidas.

Passamos a vida inteira procurando a metade da nossa laranja (ou de qualquer outra fruta). Buscamos algo tão simples, né?
Basta ser uma pessoa especial, simpática, engraçada, bonita, inteligente, interessante, atraente, independente, meiga, que tenha paciência com aquela sua amiga espalhafatosa, que tenha paciência com aquele seu irmão mala, que não reclame (muito) da sua pirraça, que pegue a toalha quando você esquecer, que... 
Tá bom, vai! Não é tão simples assim.

Mas aqui vai uma dica, que vai parecer meio clichê (e é). 
Essa pessoa existe e está esperando por você em algum lugar do mundo, talvez em outro continente, verdade, mas talvez apenas do outro lado da baia da mesa do seu escritório, ou na sala de aula que fica do outro lado da quadra. Tão perto quanto o ar que você respira.

Você deve estar se perguntando: 
Afinal, onde ela quer chegar com toda essa filosofia de parachoque de caminhão? (Parachoque agora é junto, viu?)

Explico.

Euzinha encontrei alguém assim (com exceção da paciência com a amiga espalhafatosa e da pirraça).
Bárbara é perfeita, aliás, quase perfeita.

Ontem foi dia de lembrar que ninguém é perfeito, nem mesmo a mulher da minha vida. Ontem foi dia de lembrar que seria pedir demais a papai do céu, que Ele mandasse alguém tão "bárbara" (sim, eu fiz esse trocadilho) e ainda por cima torcesse para o time certo.

Foi a grande final do Campeonato Baiano, quando o glorioso Esporte Clube Vitória, enfrentou o, não tão glorioso assim, Bahia.

O Bahia dela empatou, sagrou-se campeão.
Enquanto ela torcia, gritava, pulava pela casa, meu cérebro mostrava uma placa piscante, em neon, onde se lia "Ninguém é perfeito".
A frase piscava em minha mente, enquanto aquele sorriso lindo de alegria espalhava-se pela sala, com aquele jeito fofo de me sacanear, aquele olhar encantador de felicidade.
Nem mesmo ela era perfeita, nem mesmo com essa capacidade que tem de fazer o nome "baêa" ser agradável aos meus ouvidos, quando sai da sua boca.

Tá bom, vai? E quem está procurando perfeição aqui?
Bárbara é o único motivo pelo qual eu aceito morar em um coração Tricolor.

Vê-la feliz, desse jeito, me fez por alguns instantes ter uma certa simpatia por essa tal de Bahia (só por alguns instantes).

É isso.






sexta-feira, 11 de abril de 2014

Mainha e Mozi

As duas mulheres da minha vida são completamente diferentes e isso exige de mim um malabarismo constante.
Mozi é uma lady. Discreta, recheada de boas maneiras e diplomática.
Mainha é ligada no 220! Fala pelos cotovelos e não pensa duas vezes antes de emitir opinião sobre qualquer assunto. Mesmo que seja uma crítica.
Agora imaginem como eu fico nessa confusão.
Se tem confusão?
Claaaaro!!

# As nossas roupas são lavadas pela lavadeira de Mainha. Por isso, muitas vezes as peças se misturam.
Ontem Mainha mandou foto através do zapzap para divulgar a nova fase de malhação ( só tem duração de uma semana ).
Eu mostrei a foto para Magali e ela largou: " Você pode me dizer porque sua mãe esta usando minha blusa?"
Oi?

Me diga ai que vida fácil!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

E esse foi o texto de Magali sobre o noivado!

O sim
"Pouquíssimas coisas nessa vida conseguiram me deixar sem palavras"

Essa era a única coisa que vinha em minha mente enquantos os amigos em uníssono gritavam "discurso, discurso".
Um sensação difícil de explicar, uma emoção tão inédita que me deixou assim: sem palavras.

Há três anos atrás, eu estava saindo da casa dos meus pais, com uma mochila nas costas e a vontade de construir a vida ao lado dela.
Três anos depois, lá estava eu, parada, atônita, no meio do salão, tentando identificar o que estava acontecendo, enquanto um texto de Drummond era recitado em jogral, uma flauta tocava a nossa música e o cheiro dos lírios, espalhados sobre as mesas, emprestavam seu perfume para aquele nosso momento.

Na minha cabeça um flashback de memórias. O sorriso, seu cheiro, nossa primeira briga, nossa última, a conversa ao telefone, a mensagem de texto, o jeito de dizer "momo"
Passei tanto tempo esperando o pedido, que esqueci de ensaiar o sim. A voz embargou, os olhos marejaram e eu parecia não estar ali.
Nunca, em toda a minha vida, havia vivido uma emoção se quer parecida.
Olhei pra ela e nada mais estava ali. Apenas aquele sorriso lindo e aqueles olhos brilhantes.
A única coisa que eu queria era abraçá-la e sair correndo.
Dizer "sim" seria tão pouco para tudo aquilo, tão pouco para "ela", tão pouco para o nosso amor.

Três letras juntas que deveriam carregar o peso de toda uma história vivida, de toda a história ainda a ser vivida.

Disse sim.
Disse sim para ela.
Disse sim para o amor.
Disse sim a felicidade.
Disse sim para o nosso futuro.
Disse sim para os nossos filhos.
Disse sim para a vida.
Para começar o nosso blog, recuperei o texto sobre o noivado.
Não posso falar de casório sem seguir os passos legais!
:-)



Sempre sonhei em casar! Quando o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado percebi que esse desejo estava mais perto de ser realizado. Mas eu sou careta e não gosto de pular etapas. Então decidi que teríamos que ficar noivas e fui planejando tudo sem segredo!

E foi lindo.
Lindo, lindo, lindo.
Exatamente da forma que eu planejei.
O mais difícil do noivado, foi conseguir guardar segredo.

Quando decidi pelo pedido, fiquei programando cada detalhe. Queria coisas que tivessem significado, que lembrassem um pouco da nossa história.
Como escolher o lugar? Já passamos por vários com significados importantes. Então lembrei do Solar do Unhão. Um lugar lindo, com um encanto próprio e que por muitas vezes nos acolheu.
Não conseguiria fazer na parte aberta, então resolvi que seria no Solar Café. Já estivemos por lá diversas vezes e sempre foi mágico.
Lembro do dia desta foto, por exemplo. Dia de semana, trabalho corrido, mas nós acertamos os ponteiros do relógio e fomos brindar.



Depois de escolhido o lugar fiquei pensando o que fazer para tornar o momento inesquecível.
 Fiz uma listinha de pessoas que não poderiam faltar e fui, aos poucos, acrescentando detalhes.
Convidei um amigo para tocar flauta!Com a emoção do momento ela nem prestou atenção...  Queria que ao chegar, a nossa música estivesse no ambiente. E isso aconteceu.
A nossa música, a música que faz parte da nossa vida, da nossa história e que nos faz chorar todas as vezes que ouvimos.

" Eu preciso de você porque tudo que eu pensei
Que pudesse desfrutar da vida sem você não sei
Meu amanhecer é lindo se você comigo está
Tudo é mais bonito no sorriso que voce me dá"

O momento foi sendo "desenhado" em minha imaginação e aos poucos esozinha fiquei pensando o que não poderia ficar de fora... Foi então que lembrei dos lírios. O lírio é o nome dado às flores do gênero Lilium L. da família Liliaceae. Mas para nós é conhecida como a flor de Santo Antônio e também faz parte da nossa história.

Mas como entregar as flores? O que dizer na hora?

Acho que estava imaginando que engasgaria na hora e então resolvi incluir os amigos presentes na entrega das flores. Escolhi O Amor, de Carlos Drummon, dividi em partes e distribui entre os amigos. Planejei, combinei mil vezes com todos, mandei e.mail com as partes e pronto. Isso estava resolvido.

Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor.  Carlos Drummond

Depois de tudo pensando, repensando e esquematizado. Chegou o grande dia! Como tudo estava sendo feito em segredo, precisava arranjar um bom motivo para convencer que deveríamos ir ao Solar Café, domingo a noite. Levando em consideração que no dia seguinte tínhamos que acordar super cedo, fiquei morrendo de medo dela bater pé firme e negar a saída! Porque mulher é um bicho complicado.

Mas ela topou! :-)

Sou naturalmente uma pessoa tensa, preocupada, estressada... Não quero que as coisas saiam diferente do que pensei, não gosto de atrasos... É, sou uma pessoa chata.
Lembro que fiquei extremamente tensa no caminho até o Solar Café. Com medo dela descobrir tudo, das pessoas não aparecerem, dos lírios estarem feios... Fiquei preocupada com absolutamente tudo.
Quando já estávamos chegando, lembro que meu celular tocou e ela perguntou quem era, o que queria... Putz! Foi por pouco...
A partir da chegada, tudo foi mágico. Acho que poucas vezes eu tremi tanto.
Logo que chegamos ela já questionou se estávamos no local certo. Não estava vendo estrutura de festa - o tal evento que criei - e insistiu para que eu perguntasse ao segurança se o evento era mesmo ali.

Ainda assim seguimos em frente!

Ela ficou olhando para todos os lados, tentando encontrar algum sinal defesta. A medida que andávamos eu ficava mais nervosa.
Quando viramos em direção ao espaço reservado, imediatamente identifiquei os amigos e aos poucos tudo foi acontecendo...
A flauta tocava nossa música enquanto as pessoas iam formando uma fila, cada uma com pedaços de papel em uma mão, com a poesia de Carlos Drummond, enquanto na outra seguravam os lírios.
Ela só chorava. Chorava e perguntava o que estava acontecendo. Eu quase desmaiando fiquei o tempo todo ao lado dela.

Os trechos da poesia eram recitados e os lírios entregues, formando um bouquet na mão da futura noiva.

A cada frase dita pelos amigos, eu percebia o carinho explícito em cada rosto, em cada gesto de carinho...
Em meio aos jovens amigos, estava minha tia. A única senhora convidada. De uma geração diferente da minha, ela estava ali de coração puro, com um sorriso de quem entende que para o amor não existem regras.

E quando tudo já tinha acontecido e todos estavam parados, emocionados com o momento, ela diz:

- E então, vai fazer o pedido ou não?

Quase engasgada fiz o pedido e a noiva aceitou.
Naquele instante consegui sentir que começávamos a viver um novo momento.